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Estudo inédito mostra que cirurgia metabólica é a forma mais eficaz para evitar progressão da doença renal em pessoas com diabetes tipo 2

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A cirurgia metabólica é o tratamento mais eficaz para interromper a progressão da doença renal crônica precoce em pacientes com diabetes tipo 2. É o que aponta uma pesquisa inédita, publicada na revista JAMA Surgery, uma das principais revistas científicas do mundo.

O estudo randomizado – em que os grupos utilizados no experimento são escolhidos de forma aleatória – seguiu uma rigorosa metodologia científica e é o primeiro no mundo com o objetivo de comparar a cirurgia metabólica com o melhor tratamento medicamentoso para pacientes com Diabetes tipo 2 e obesidade leve (IMC – Índice de Massa Corporal entre 30 e 35).

“Esse estudo soma-se a um seleto grupo de pesquisas que comprovam a eficácia da cirurgia metabólica no tratamento do diabetes tipo 2 mal controlado. A cirurgia é uma poderosa ferramenta para minimizar as consequências do Diabetes, especialmente neste caso da doença renal, que leva milhares de pessoas à hemodiálise e ao transplante renal, devido aos efeitos do Diabetes”, disse Marcos Leão Vilas Boas, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – SBCBM.

As doenças microvasculares são aquelas que danificam os pequenos vasos dos olhos (retinopatia), rins e nervos (neuropatia). Já os danos renais causados pelo diabetes demoram mais tempo a serem percebidas pelos pacientes.

O monitoramento regular dos níveis de proteína presentes na urina é fundamental para diagnosticar precocemente e evitar a evolução das complicações renais que ocorrem no diabetes e podem levar ao comprometimento total da função dos rins.

Resultados – A pesquisa investigou os resultados da primeira avaliação feita dois anos após os tratamentos serem iniciados, e serão novamente avaliados após cinco anos de acompanhamento. A regressão da albuminúria (perda da proteína albumina na urina) é importante indicador de lesão renal, aconteceu em 54,6% dos pacientes após tratamento medicamentoso e em 82% daqueles que fizeram a cirurgia metabólica pela técnica do bypass gástrico em Y de Roux, que é o tipo de cirurgia bariátrica/metabólica mais utilizado no mundo para tratar o diabetes tipo 2.

Segundo o cirurgião Ricardo Cohen, autor principal do estudo, ex-presidente da SBCBM, e coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o diabetes é uma doença crônica e progressiva, e o paciente com lesão renal inicial frequentemente evolui para diálise ou transplante renal; além de apresentar um alto risco de complicações cardiovasculares, como infarto e derrame (Acidente Vascular Cerebral – AVC).

“A remissão de mais de 80% da albuminúria e das lesões renais, com o tratamento cirúrgico significa que, através dos efeitos da cirurgia, conseguimos interromper a progressão da doença e consequentemente evitar a necessidade de diálise e transplante de rins. Apesar dos pacientes tratados com os melhores medicamentos disponíveis na atualidade também terem apresentado melhora, esse beneficio foi bem menos intenso e não estancam o avanço de possíveis danos renais irreversíveis e seus riscos associados”, avalia o cirurgião.

A pesquisa – Coordenada pelo Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo – contou com a participação de 100 pacientes, acompanhados por cinco anos, sendo que 50% foram submetidos à cirurgia metabólica e a outra metade teve acesso aos medicamentos mais modernos e eficazes disponíveis para o tratamento clínico do diabetes.

Este é o primeiro estudo que utiliza a melhor medicação disponível e que tem como foco analisar os desfechos renais. “Atualmente há 12 estudos mundiais que comparam tratamento cirúrgico e clínico, mas o foco deles é o controle glicêmico, e muitos com pacientes com IMC superior à 35. A triagem para o estudo de pessoas exclusivamente com IMC entre 30 e 35, foi um fator fundamental, já que a maioria da população com diabetes no mundo sofre de obesidade grau I ou sobrepeso”, explica Cohen.

A análise feita no estudo mostra ainda que em ambos grupos os níveis glicêmicos foram controlados, mas isso não interferiu no dano renal, o mais grave entre as comorbidades provocadas pelo diabetes. Outros resultados do estudo também apontaram que a cirurgia metabólica ainda traz mais benefícios em relação ao controle e normalização da hemoglobina glicada, colesterol, triglicérides, pressão arterial e alteração de qualidade de vida. A cirurgia também teve o desfecho mais indicado em relação a descontinuação de medicamentos para pacientes com diabetes tipo 2, já que os doentes operados diminuíram em cinco vezes suas medicações. O número médio de medicamentos usados para o controle metabólico foi de seis drogas no grupo clínico, contra apenas um após a cirurgia metabólica.

Dados Inéditos – “Em dois anos, a hemoglobina glicada foi reduzida em 2,2 pontos percentuais em pacientes com tratamento clínico e 2.6 pontos nos cirúrgicos. O resultado é surpreendentemente bom e mostra a importância dessas novas medicações. Porém, o diabetes é uma doença progressiva e também de difícil adesão ao tratamento, por isso, nota-se uma piora depois de um tempo de acompanhamento nos índices metabólicos, enquanto a cirurgia amputa a evolução das complicações, alcançando 44,5% de pacientes com remissão da doença”, analisa o coordenador do estudo.

Os pacientes cirúrgicos alcançaram as metas da American Diabetes Association de colesterol LDL em comparação com o melhor grupo de tratamento médico, 72% vs 52%. A meta de triglicerídeos de 150 mg/dL foi atingida por 41% dos pacientes do grupo clínico e por 81% dos pacientes operados. A variação do peso também foi outro achado importante, menos de 5% dos pacientes que usaram os medicamentos alcançaram 15% de perda de peso corporal, enquanto no grupo de pacientes operados o percentual foi de 95%.

O também cirurgião bariátrico da SBCBM e co-autor que integra o estudo, Carlos Aurélio Schiavon, acredita que o paradigma no tratamento do diabetes deve ser mudado.

“Este estudo comprova que a cirurgia metabólica tem o melhor efeito no tratamento de complicações, mesmo em pacientes com obesidade não tão severa como é o caso da obesidade grau 1. Temos que mudar o paradigma. O tratamento da obesidade deve atingir mais pessoas e ser mais agressivo no sentido de melhorar a condição clínica destes pacientes. Além disso, neste momento de pandemia, todos os estudos mundiais tem mostrado que a maioria dos pacientes graves que contraem o coronavírus têm algum grau de obesidade ou diabetes, e evolução pior”, reforça Schiavon.

Impactos econômicos
O estudo aponta que, atualmente, no Brasil, mais de 80.000 pacientes precisam de diálise decorrente do diabetes, custando US$ 350 milhões por ano. Para que os brasileiros com diabetes e doença renal crônica precoce se beneficiassem do tratamento, seria preciso oferecer apenas 100 cirurgias metabólicas extras por ano, com custo de U$3.000,00 por paciente, gerando uma economia de US$ 150.000,00 para o sistema de saúde, para cada pessoa que possivelmente poderia desenvolver complicações renais e precisar de diálise. Enquanto, a cirurgia seria paga em menos de 2 anos.

O que é cirurgia metabólica
A cirurgia metabólica engloba um conjunto de tratamentos que muito semelhantes tecnicamente aos da cirurgia bariátrica, porém com o foco principal no Diabetes, ao invés da Obesidade.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece a cirurgia metabólica como um tratamento eficaz e indicado para o tratamento de pacientes com Diabetes Tipo 2 desde 2017 e é indicado para pessoas entre 30 e 70 anos de idade com menos de 10 anos de doença, onde os níveis de açúcar não estejam se mantendo em níveis adequados com o tratamento clínico padrão. (resolução Número 2.172/2017).

Clique aqui e acesso o estudo na íntegra

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