O início da cirurgia bariátrica no Brasil - SBCBM

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O início da cirurgia bariátrica no Brasil

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Depois da Segunda Guerra mundial uma mudança nos hábitos da sociedade promoveu o avanço dos casos de obesidade mórbida. As primeiras tentativas cientificamente orientadas para reverter casos desse tipo datam da década de 50, porém sem sucesso. No final da década de 60 uma nova tentativa fracassa e acaba deixando a cirurgia um pouco esquecida. O assunto volta à luz pouco tempo depois nos Estados Unidos com o conceito de restrição gástrica de Edward Mason.

 

No Brasil, as pesquisas avançam no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com o Dr. Salomão Chaib e a década de 80 foi fundamental para a difusão e aperfeiçoamento das técnicas.

 

Para contar essa história de sucesso no país, entrevistamos o Dr. Arthur Garrido Jr., um dos pioneiros da cirurgia bariátrica no Brasil. Com um extenso e respeitado currículo e mais de 3 mil cirurgias realizadas ele relembra os primeiros passos da cirurgia no Brasil e como ela foi se consolidando.

 

Cirurgião

Como foi o início da cirurgia bariátrica no Brasil?

Dr. Arthur Garrido Jr. – O primeiro local no Brasil onde foram realizadas pesquisas e procedimentos bariátricos foi no Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, com o Dr. Salomão Chaib, em meados da década de 70. Poucos anos depois eu chegava dos Estados Unidos e aos poucos fui introduzindo as novas técnicas com menos complicações e melhores resultados. Ainda na década de 80 a cirurgia bariátrica lentamente foi se consolidando, mas os procedimentos somente eram feitas no HC. Depois, nosso próprio grupo começou a fazer também cirurgias em clínicas privadas, mas esporadicamente, pois ainda não tínhamos muita experiência e também para não expor os pacientes a algum risco maior.

 

Por que foi criada a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica?
A.G. – Para atualização e aprofundamento no assunto, no início dos anos 90 começamos a frequentar congressos da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica, que aconteciam nos Estados Unidos. Em 95 criou-se a IFSO (International Federation for the Surgery of Obesity), uma federação internacional de sociedades especializadas em cirurgia bariátrica, que já existiam em alguns países. Nós, que participávamos desses congressos nos convencemos que tínhamos que ter uma sociedade também no Brasil, por duas razões: primeiro para divulgar melhor a especialidade e segundo para auxiliar na preparação dos cirurgiões.

 

E quando foi criada?
A.G. – A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica foi criada em 1996 e mesmo com poucos membros imediatamente já passamos a fazer parte da IFSO também. Com as bases estabelecidas, em 1998 realizamos nosso primeiro congresso nacional, em São Paulo, e em 2002, também em São Paulo, organizamos o congresso mundial da IFSO. O que demonstrava já nessa época, a força de nossa sociedade.

 

Membros durante o primeiro Congresso da SBCBM

Membros durante o primeiro Congresso da SBCBM, com o Dr. Garrido sentado.

De que forma a Sociedade auxiliou a especialidade?
A.G. – Com a criação da Sociedade passamos a reunir cirurgiões de diversas regiões do país, além de poder acompanhar as evoluções que estavam acontecendo no mundo todo. Uns ensinavam os outros, trocando experiências. As condições de difusão do conhecimento nessa área específica foram estimuladas pela existência da SBCB e logo nos primeiros anos começamos a fazer o Boletim. Eram 3 edições por ano com o objetivo de difundir as noticias principais da especialidade. Depois criamos a revista Bariátrica & Metabólica que atualmente está incorporada em uma revista que se chama ABCD – Artigos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, que reúne várias sociedades. Depois, a cirurgia metabólica foi ganhando destaque e em 2006 decidimos adotar o “M” em nosso nome, pois ganhava importância o aspecto de tratamento das doenças metabólicas por esse tipo de operação. Passamos a chamar SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

 

Qual é o cenário atual da especialidade?
A.G. – Atualmente a cirurgia bariátrica já é reconhecida na medicina em geral. O conceito dos cirurgiões é muito respeitável e os benefícios são claros. Existem regras de quando se deve fazer a cirurgia ou não e essas regras estão sempre em discussão, mas no geral os limites estão razoavelmente definidos. A tecnologia evoluiu muito, com o mínimo de agressão nas cirurgias. É a forma mais segura e confortável para o paciente e mais eficiente do ponto de vista de resultado final. Redução do peso, controle das comorbidades e reintegração à vida social.

 

O que pode ser melhorado?
A.G. – Existem algumas questões a serem resolvidas, não do ponto de vista técnico, mas do acesso à cirurgia pela população. Os 25% da população que têm plano de saúde tem acesso fácil, mas o restante não. Ano passado fizemos 80 mil cirurgias sendo apenas 10% pela rede pública. A Sociedade está empenhada a fazer com que isso melhore.
Outro aspecto não inteiramente resolvido é o acompanhamento em longo prazo dos pacientes de forma adequada. Depende da disponibilidade em atendê-los. Alguns pacientes têm plano de saúde e deixam, por algum motivo, de tê-lo. Outros não se interessam pelo acompanhamento multidisciplinar. Isto é uma questão que ainda é falha e não está inteiramente resolvida.

 

O Sr. como o primeiro presidente da Sociedade, como vê as perspectivas para a cirurgia bariátrica?
A.G. – Existem boas perspectivas. A robótica está começando no Brasil e já começam a ser realizadas as primeiras operações com essa tecnologia. Claro que ainda existe um problema com o custo e o benefício de se usar robótica ao invés da cirurgia laparoscópica, mas a robótica está evoluindo muito em cirurgia e com o passar do tempo teremos robôs melhores, mais baratos e mais simples de manusear.

 

Cirurgia Bariátrica Diabetes

Cirurgia Bariátrica ajuda a controlar a diabetes tipo 2.

Outra questão é a cirurgia metabólica. Seguindo as regras de indicação da cirurgia bariátrica estamos impedidos de operar pessoas com IMC menor que 35. Se a pessoa tiver uma doença de controle difícil com IMC de 32, 33 não podemos operar ainda. Já ganhamos muito e avançamos na argumentação e apresentação de razões para que isso mude no sentido de permitir que se atendam casos graves mesmo que não tão exageradamente obesos. Várias sociedades hoje apoiam essa tendência e esperamos que isso seja institucionalizado e possa ser oferecido, beneficiando pacientes nessas condições. Existe uma lista com dezenas de doenças associadas à obesidade, por isso é importante a cirurgia bariátrica, é uma questão de saúde, a parte estética deve ser esquecida.

 

Tem ideia de quantas cirurgias já realizou e qual sua técnica preferida?
A.G. – Nosso grupo de trabalho, composto por oito cirurgiões titulares, já realizou cerca de 19 mil operações bariátricas. Dessas, eu devo ter feito pessoalmente cerca de 3 mil. Nossa técnica preferida na maioria dos casos é o “bypass” gástrico. Em segundo lugar a manga “sleeve” gástrica, respectivamente a primeira e segunda técnicas mais utilizadas.

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